Por que lançar um barco ao mar? Segundo Saussure, "a língua não é um barco no estaleiro, mas um barco lançado ao mar."
Publicado em 02/04/2017 por Gustavo Dutra
Não lembro muito bem quando comecei a escrever poesias. Só sei que, quando eu vi, já estava escrevendo. Lembro de me pegar perguntando se aquilo realmente era um poema; se, para ser poesia, precisa rimar; ou se, por serem versos livres, não havia nenhuma regra que limitasse a minha criação. Eu me sentia muito confuso e inseguro.
Acho que teria me desenvolvido mais rápido se tivesse com quem conversar. O poeta acaba criando seu próprio mundo, se isola, afinal é cada um por si nessa jornada em busca de seu próprio estilo. Poesia é muito individual, faz parte do processo de autoconhecimento, da percepção de si e do mundo.
Cada poeta — ou poetiza — precisa encontrar seu próprio caminho. É como um barco ao mar: toda direção é válida, escolher uma delas dependerá de onde se quer chegar.
Logo, não existe essa de ensinar poesia. Não. Mas é possível compartilhar descobertas, entender outros poetas, observar como faziam — ou fazem —, trocar figurinhas a fim de completar o álbum — cada um o seu, evidentemente.
Ler, ler, ler e ler mais e mais poesia. O contato com a poesia é fundamental para a criação poética. Esse contato, julgo hoje, teria ajudado a amadurecer minha poesia mais rapidamente. Vale lembrar que a poesia nunca fica madura e estagnada, pois a língua é um barco ao mar. O processo de maturação é contínuo.
Eu criei o canal no YouTube para isto. Vocês poderão acompanhar tanto lá pelo canal um barco ao mar quanto aqui pelo blog.