Textos
Desafio Livrada 2022 - Sugestões de leitura
Há umas três semanas, terminei a leitura d’As aventuras do bom soldado Svejk, que li para o Desafio Livrada de 2016. Para falar a verdade, nem lembro mais quais eram as outras categorias, mas dado os 6 anos que se passaram, tenho certeza que conseguiria encaixar algum livro lido nelas. Portanto, desafio concluído.
Este ano, como é de costume, o Yuri, que mantém o projeto junto do Murilo, publicou a lista de categorias para o desafio de 2022.
Resolução para 2022: desistir de ser escritor, mas nunca de publicar livros
Quando falamos em resolução de ano novo, sempre pensamos em começar — uma dieta, um hábito, um projeto —, nunca em desistir. Até pensamos em parar — por exemplo, deixar de fumar ou de correr atrás de amores não correspondidos. Mas, neste 2022, o que eu quero é desistir. Mais especificamente, desistir de ser escritor.
Desistir é muito mais difícil do que parar. Parar está relacionado com uma ação. Se fosse o caso, me bastaria deixar de escrever.
Destaques das minhas leituras de 2021
Ao longo deste ano, li 28 livros, segundo meu Skoob. Salvo um ou outro lançado em 2021, a lista não contém nenhuma novidade. Isso me deixou receoso. Publicar um artigo com “os melhores” seria muita pretensão da minha parte.
Precisei encontrar uma outra forma de compartilhar minhas leituras, e julguei que o termo “destaque” coubesse melhor. Também quis evitar a seleção de um melhor dentre os vários. Afinal, costumo ler de tudo, e isso dificulta uma classificação geral.
Meu primeiro projeto editorial — conheça Libre, de Alex Fernandes
Eu tenho dois livros publicados. Em ambos, participei da produção editorial, tendo inclusive feito a capa da primeira versão de Introversos. Porém, na última semana, foi iniciada a venda do e-book Libre na Amazon. Este foi o primeiro projeto editorial — de um autor que não eu — em que participei integralmente. Neste artigo, gostaria de contar um pouco sobre essa história.
Comprar No final de 2020, fiz um curso chamado A VIDA DO LIVRO, onde o editor da Antofágica e da Aleph, Daniel Lameira, trouxe sua visão sobre o mercado editorial e seu funcionamento.
Perrengues de Autor Independente — Trocando a turbina com o avião voando
Pois é. Poderia ser a frase de abertura de um romance de Virginia Woolf , mas foi apenas uma decisão: eu decidi que eu mesmo publicaria meu livro. Era início de 2016 e eu não tinha a mínima noção de como funcionava o mercado editorial.
Publiquei o Introversos: versos da cabeça de um introvertido na plataforma do KDP, da Amazon. Repetindo-me, fiz eu mesmo a capa, a ilustração, a organização, a edição, a revisão, e tudo mais.
O genocídio começou bem antes e deve continuar
Cada vez mais pessoas têm chamado Bolsonaro de genocida. Dada a sua atitude, é possível deduzir isso. Mas há outros genocídios em curso.
A anedota do martelo — um mito fundador da classe média?
Se você nasceu na classe média, tenho certeza que, em algum momento, ouviu a anedota do martelo. Ou metáfora do martelo, como preferir. Conheça a história e as reflexões que tirei dela com base no livro de Jessé Souza.
Editorial — Uma escolha muito difícil
O segundo do livro do poeta Gustavo Dutra , chamado ao antropoceno brevíssimo aceno ou um pot-pourri pro povo rir , terá dois preços. Pela primeira vez na história de sua carreira não haverá um preço de centro. Em outras palavras, o leitor que tradicionalmente privilegiou a moderação terá que optar por um dos extremos.
Leia um trecho do livro
À esquerda, temos o preço de R$13 reais.
Me senti em casa com Caduceu, de Felipe Turner
Em 2019 fui à minha primeira FLIP. Vaguei meio perdido pelas ruas de Parati à procura de coisas que me chamassem a atenção, sem preocupação com a programação. Conheci, assim, várias pessoas e tive conversas muito interessantes. Numa das casas, com várias estandes de editoras independentes, encontrei o poeta Felipe Turner , que me mostrou seu livro, Caduceu .
Conversamos um pouco. No outro dia, acabei aparecendo em uma mesa que ele participaria.
#defendaolivro - porque não taxar o livro
Já cantava a família Passos lá em Janeiro, fazendo escárnio da fala do presidente sobre livros didáticos que “a coisa está bem esquisita / um montão de amontoado de muita coisa escrita”. Não muito tempo depois, o presidente afirmou que não costuma ler o que assina, pois teria que ler & interpretar umas 20 páginas de decreto.
O ex-Ministro da Educação cometeu inúmeros erros de ortografia nas redes sociais, além de não ter feito nada para melhorar o ensino no País.
Na prática, a teoria é outra: pandemia e luta de classe
Na prática, a teoria é outra. Ouvi muitas vezes essa frase e, em inúmeros casos, pude comprovar sua assertividade. Ao que observo, a teoria muitas vezes tende a ser dogmática, simplificada e nivelada por baixo.
Nos dias de hoje, enquanto estamos presos em nossas casas — ao menos aqueles que podem e querem, pois sim, há muitos que gostariam e não podem, bem como quem pode e não há cristo que o faça querer —, tenho percebido novamente o poder dessa frase em diversas esferas.
O flamular do pano em Lundu, de Tatiana Nascimento (Padê Editorial)
Em Julho de 2018, como ainda é de costume, scrollava pelo feed do YouTube à procura de algo interessante para ocupar o tempo, quando seleciono uma entrevista da filósofa Djamila Ribeiro. No vídeo, ela e Lázaro Ramos discutem o seu mais recente livro à época, O que é lugar de fala?
Num segundo momento, entra em cena Tatiana Nascimento , até então desconhecida para mim. Além de seu livro, Lundu , e da Padê Editorial, sua editora focada em autoras LBTs e negros, fala sobre seus projetos.
Sacrifiquem os Véios, não os Velhos — em favor da taxação de grandes fortunas
A demora na resposta do governo brasileiro à crise gerada pela pandemia do COVID-19 nos custará caro. Com mais sorte do que juízo, outros políticos se opuseram e se posicionaram para defender os brasileiros, ainda que a motivação possa ser mais de cunho político do que humanitário.
Depois da sanção da Renda Básica Emergencial, temos que continuar pressionando o governo por outras medidas. Como a taxação de grandes fortunas já tramita no Senado, decidi escrever sobre ela, que pode gerar recursos importantes lá na frente.
Fui finalista do Prêmio Off Flip 2020, categoria Livro Infantojuvenil
Como nossa cultura não possui nenhum ritual formal de passagem, não delimitamos bem em que fase da vida estamos. Sei que sou adulto, mas ainda me sinto uma criança em vários aspectos. Talvez por isso nunca havia me passado pela cabeça escrever um livro para elas, não me sentia maduro o suficiente.
Acontece que, há uns 7 anos atrás, comecei a trabalhar em uma empresa onde fiz muitas amizades. Entre elas, a que mais se espraiou foi a com Erich.
Leonardo Bastião, O Poeta Analfabeto - Documentário (2020)
O algoritmo do YouTube, que me recomenda muita coisa desinteressante, vez ou outra acerta. Por exemplo quando, em meados de Setembro de 2019, me sugeriu o vídeo Poetas Analfabetos do Sertão do Pajeú, que mostra um pouco da história e da figura de Leonardo Bastião, um poeta analfabeto que canta seus versos nessa região do interior pernambucano.
Gostei tanto do poeta, que selecionei o vídeo como destaque na edição do Curto Poema daquele mês.
O espaço arquitetônico em 'À cidade', de Mailson Furtado (Jabuti 2018)
O vencedor do Prêmio Jabuti 2018, nas categorias Livro do Ano e Melhor Livro de Poesia foi À cidade , de Mailson Furtado : um poema de fôlego que fala sobre sua cidade natal. Ao longo do poema, o eu lírico canta o desenvolvimento, a mudança de ritmo, seu pertencimento e se afirma numa origem.
Espaço em branco mostra o rasgo
Meu interesse na obra começou com o fato do autor ter a autopublicado, o que contrariou o que acreditava até então, que só obras de editoras já reconhecidas participavam de tais premiações.
O cíclico em Girassóis Maduros de Léo Prudêncio (Editora Moinhos; 2017)
A natureza é, por excelência, cíclica. Que isto seja uma novidade eu duvido, mas há uma diferença crucial entre saber dessa informação e experienciá-la. Experienciar o cíclico não é estar preso nele. A esta prisão damos o nome de depressão. Tão pouco significa aguardar, com o coração nervoso, uma volta completa. Esta espera se chama ansiedade.
Na minha opinião, a única forma sadia de experienciar o cíclico é através de uma espiral, onde o ciclo, por mais que pareça se repetir, é visto com outros olhos, de outro ângulo, de uma outra forma.
Lições de criação poética com Adélia Prado
Recentemente, reassisti à entrevista da Adélia Prado ao programa Roda Viva , disponível no YouTube. Achei tão interessante e agradável, que não me contive na passividade de receptor. Separei, então, algumas frases que me estimularam a comentá-las.
A sua poesia vem da tristeza? Eu adoro discutir criação poética. Não é a toa que criei o um barco ao mar. A primeira pergunta, abrindo o programa, já toca neste assunto.
Correlacionar e atribuir significado — Reflexões sobre o humano
O ser humano tem duas características que o ajudaram a evoluir até onde estamos: a de fazer correlações e a de atribuir significados. No primeiro caso, as correlações permitiram assimilar conhecimentos de forma mais rápida, pois permitiu as metáforas, o que melhorou a comunicação. Já a segunda característica motivou o avanço, seja para construir uma cidade, seja para louvar um deus ou provar uma teoria pelo bem da verdade.
Nosso cérebro está fazendo correlações e procurando significado o tempo todo!
Nigéria é o país que mais influenciou o Brasil — Pelo menos é o que afirma meu cabelereiro
Eu geralmente corto o cabelo com um senhor de seus quase setenta anos em um salão onde todos os cabeleireiros tem mais ou menos essa idade. É sempre muito bom conversar com ele. É uma pessoa mais experiente na vida, que fala sobre onde comer bem e barato, sobre as netas e como era São Pulo há anos atrás.
Quem tem pouco cabelo como eu, que ainda novo já foi atingido por uma calvice precoce e um cabelo ralo no topo da cabeça, então cortar com um profissional experiente é sempre preferível: os erros são irreversíveis, diferente para quem tem cabelo comprido.