um barco ao mar
Os vídeos do meu canal no YouTube, chamado um barco ao mar, compartilham um pouco da minha jornada na poesia. Falo desde o processo criativo até os perrengues da publicação. Também declamo muita poesia, pois a leitura de poemas é fundamental na formação de um bom poeta.
Como dizia Ferdinand de Saussure , pai da linguística e do estruturalismo, a língua não é um barco no estaleiro, mas um barco lançado ao mar. O poeta precisa seguir a fluidez da língua e usá-la a seu favor. Embarque comigo na jornada e vamos ver o que acontece em alto mar!
4 Ferramentas para escrever melhores Poemas — Online e Gratuitas
Nesse vídeo, eu trouxe 4 ferramentas para ajudar poetas e escreverem melhores poemas. As 3 primeiras, são para uso online e gratuito; já a última, é um livro e, por isso, acessível offline. São elas:
Ferramenta 1 - Google “defina” O Google possui uma ferramenta interna, em forma de widget, para pesquisar prefixadas com “defina”. Para usar, basta utilizar “defina ”, onde <palavra> pode ser substituído por qualquer palavra.
Além do significado de dicionário, o Google mostrará palavras semelhantes e opostas.
Como escrever poemas com rimas — com exemplos e dicas de uso
O texto abaixo é um resumo do vídeo.
Como vocês sabem, sou um apreciador do ritmo. Tenho investigado, por conta própria, vários aspectos que dão fluidez e cadência nas palavras. É possível ver isso nos últimos poemas que publiquei no @gustavodutra do Medium ou no @gustavodutra.jpg do Instagram.
Gostaria de compartilhar alguns desses aprendizados — todos empíricos e sem metologia. Antes de chegar nas dicas, quero mostrar quais as formas e tipos de rimas, pois acredito que com esse conhecimento explícito seja possível tomar melhores decisões na hora de escrever os poemas.
Como publicar um livro de poesia independente — Passo a passo
Neste vídeo, falo o que é preciso para a publicação de um livro de poesia de maneira independente: quais os passos, so profissionais e dicas em cada uma das etapas
Sobre quebras de linhas em poemas — Com exemplos reais
Transcrição do áudio do vídeo
Esta sessão aqui no canal, em alto mar, é onde a gente fala sobre criação poética. O tema de hoje é quebras de linhas. Julgo um tema bem interessante e que, às vezes, a gente não dá nada, mas tem muita coisa sobre o que se falar, pelo menos do ponto de vista que tenho.
Eu não tenho uma formação acadêmica em letras, literatura, nada do tipo.
Como escrevi um poema — Passo a passo
Transcrição do áudio do vídeo
Nesse vídeo, eu quis trazer um tipo de conteúdo que ainda não tinha feito, mas acho super interessante, que é o seguinte: vou pegar um poema que escrevi e vou reproduzir o passo a passo de como que eu cheguei no resultado final, em um resultado que achei legal.
Qual a ideia por trás: sempre que eu vejo alguém, algum escritor, algum poeta falando sobre seu próprio processo criativo, eu sempre acho que eu consigo tirar alguma coisa para mim, que eu posso me apropriar de alguma ideia, me sentir mais seguro de que estou no caminho certo, porque vejo que outras pessoas também passam pela mesmas dificuldades.
A métrica rítmica de Siba — 3 músicas declamadas
As letras das músicas do músico pernambucano Siba são sempre metrificadas e com ótimo uso de sílabas tônicas.
Nesse vídeo, separei 3 delas para análise:
Só é gente quem se diz , do álbum Coruja Muda Tempo II , do Siba e a Fuloresta 12 Linhas , também do Siba e a Fuloresta Espero que gostem!
Atualizações — Papos Sobre o canal
Fiquei um tempo sem postar vídeos, mas não necessariamente fiquei parado. Acabei postando muitos poemas no meu perfil do Instragam, o @GustavoDutra.jpg.
Além disso, a Newsletter do Curto Poema não parou. Mensalmente, continuei enviando as edições, que estão cada vez mais recheadas de poesia.
Em Dezembro de 2019, inclusive, o Curto Poema fez 2 anos. Fizemos uma parceria com a editora Chão da Feira, que forneceu um cupom de 40% de desconto.
Mais poemas que deram ótimas músicas
Diversos poetas tiveram seus poemas musicados ou adaptados. Eu, particularmente, gosto muito de prestar atenção às letras das músicas, pois possuem um ritmo e uma cadência importante para minha poesia.
Neste vídeo, dou continuidade a minha seleção de poemas que deram ótimas músicas. Segue a lista mencionada no vídeo:
Paulo Leminski O poema Dor Elegante foi musicado por Itamar Assunção
O poeta também escreveu versos de Verdura, tocado por Caetano Veloso.
Isabela Moraes — 3 letras de música declamadas
Neste vídeo, dando seguimento a ideia de que letras de música podem ser poemas, declamo três músicas da cantora e música pernambucana Isabela Moraes . Escolhi “Represa”, “Do Contra” e “Você Distante” para mostrar um pouco do ritmo e da qualidade de suas músicas. Abaixo, você pode encontrar a autora cantando os versos que declamei:
Do Contra Represa Você Distante
Três Poemas de Leonardo Fróes — Introdução à arte das montanhas
Neste vídeo eu declamo 3 poemas de autoria do poeta e tradutor Leonardo Fróes :
“Clandestinos”, retirado do livro Chinês com Sono seguido de Clones do Inglês (Rocco, 2005) “Introdução à àrte da montanha” retirados do livro Trilha (Azougue Editorial, 2015). “Se me quiser como eu sou, estou às ordens”, também do livro Trilha (Azougue Editorial, 2015).
Impressões da FLIP 2019 — Poetas Independentes e manifestações
Neste vídeo eu trago as minhas impressões sobre a FLIP 2019, que foi minha primeira. Quarta-Feira (10/07) foi um dia bem tranquilo, muita coisa ainda estava sendo montada. Consegui visitar Paraty enquanto cidade.
O destaque da Quarta vai para o discurso de abertura da Walnice Galvão , a pessoa que organizou a publicação da Ubu d’OS sertões e, também, a maior estudiosa sobre Euclides da Cunha . Na sua fala, contou muito sobre a obra e correlacionou brilhantemente com o período em que vivemos.
FLIP 2019, Ocupação dos Lugares Públicos e Euclides da Cunha — Venha pegar seu cartão postal!
Durante os dias 10 e 14 de Julho de 2019 eu estarei na FLIP (Feira do Livro Internacional de Paraty). Além de participar para enaltecer as iniciativas que fazem bom uso e ocupam lugares públicos, estarei circulando pelo evento para conversar sobre quaisquer temas que surgirem e distribuindo cartões postais.
Serão 3 cartões postais, conforme postei no meu Instagram:
Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Gustavo Dutra (@gustavodutra.
Papo sobre o canal, Instagram e Blog — Com estatísticas
Neste vídeo apresento o canal, falo das suas playlists, do meu Instagram e meu site. Em cada um eu desenvolvo conteúdos um pouco diferentes.
Carol Naine — Declamando letras de músicas
Carol Naine é cantora e compositora. Suas letras de músicas possuem um ritmo gostoso e um humor inteligente. Além disso, brinca muito bem com rimas.
Assista ela cantando em Dizputa, Quimera não e Às senhoras e senhores.
Ritmo, métrica e verso — Qual a relação?
No vídeo, O Ritmo nos Poemas, nós falamos que o ritmo é essencial para o poema. Continuando a leitura do O Arco e a Lira , do Octavio Paz , eu gostaria de explorar mais alguns pontos. Ele já começa o capítulo sobre Versos, assim:
O ritmo não apenas é o elemento mais antigo e permanente da linguagem como é possível que seja anterior à própria fala. Em certo sentido pode-se dizer que a linguagem nasce do ritmo; .
Dois Poemas de Wisława Szymborska — Retirados do livro Poemas (Cia das Letras, 2011)
Wisława Szymborska é uma poeta de origem polonesa vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 1996. Declamei duas poesias contidas no livro Poemas (Cia das Letras, 2011):
Paisagem com grão de areia Filhos da época
O ritmo no poema — E como a rima influencia
Segundo o dicionário Michaelis, ritmo é a “sucessão de tempos fortes e fracos que ocorrem, com intervalos regulares em uma frase musical, um verso etc.".
Bom, se pensarmos no ritmo de forma geral, podemos enxergá-lo em tudo que nos cerca. Nosso estado está ligado ao ritmo cardíaco, quanto mais rápido corremos, mais rápido o coração precisa bater; está ligado à atividade da escrita, pois cada poeta produz a determinado ritmo, que pode aumentar ou diminuir devido a vários fatores, externos e internos.
O que é Imagem Poética? — Com exemplos
Qual o papel das imagens nos poemas? Por que elas são importantes?
Neste vídeo, discuto um pouco mais sobre esse assunto, baseado no livro O Arco e a Lira , do Octavio Paz .
No vídeo O poder das imagens, eu falo sobre as imagens evocadas por Pablo Neruda nos poemas do Canto Geral .
De alguma maneira, elas provocam sensações sinestésicas, encantamento. Porém, naquela ocasião, falei muito sobre imagens do ponto de vista de quem mostra cenários e ideias diferentes.
Como Allan Poe escreveu "O Corvo"? — Segundo seu ensaio "A Filosofia da Composição"
Edgar Allan Poe escreveu um poema que ficou muito famoso. Chama-se The Raven no original e O Corvo . Um dos motivos pelo qual ele chama a atenção é a qualidade e originalidade do poema. O poema foi, inclusive, possui traduções de Machado de Assis de Fernando Pessoa .
Muitos de nós, poetas, vamos escrevendo nossos poemas muito sem saber como, intuindo aqui e ali. Dificilmente pensamos em processos, de forma metódica ou sequer analisar os diversos momentos de criação para verificar se há intersecções.
Coração em Ruínas — Gustavo Dutra
Ouça o poema Coração em Ruínas de Gustavo Dutra na voz do próprio poeta.
Linguagem, poema e poesia — Qual a relação?
A primeira coisa que precisamos fazer para entender a relação entre estes três termos é diferenciar poesia de poema. Existem diversos vídeos no YouTube e blog posts que explicam, portanto resumirei usando as palavras de Octavio Paz retiradas do livro O Arco e a Lira .
O poético é poesia em estado amorfo; o poema é construção, poesia erguida. — Octavio Paz Portanto, a poesia pode estar em um pôr-do-sol, em uma pintura ou em uma fotografia.
diz/faço qualquer trabalho e m/eu amor de volta todo dia — Tatiana Nascimento
Ouça o poema do livro Lundu de Tatiana Nascimento na voz de Gustavo Dutra
A poesia em 2018 e os desafios de 2019 — Um resumo do ano
O ano de 2018 foi muito bom para a poesia.
A começar pela FLIP: a feira homenageou Hilda Hilst , uma poeta forte e intensa. Com certeza, muitas pessoas aproximaram-se da poesia devido a sua obra.
O livro vencedor do Prêmio Jabuti 2018, na categoria Melhor Livro, foi à cidade, de Mailson Furtado.
Em 07 de Dezembro, foram anunciados os vencedores do Prêmio Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa. Entre os quatro primeiros lugares, três são do gênero poesia:
Poema Negro — Augusto dos Anjos
Augusto dos Anjos publicou apenas um livro: "Eu" (1912). Neste poema, segue falando sobre a morte sobre a perspectiva naturalista.
Jabuti 2018 e a descentralização das boas publicações — Reflexões sobre o vencedor do Prêmio Jabuti de melhor livro
À cidade, de Mailson Furtado, foi eleito o melhor livro do ano, recebendo o Prêmio Jabuti 2018. O livro é de poesias e publicado de maneiro totalmente independente. Portanto, a parabenização pelo prêmio é dobrada.
Dos dez indicados na categoria Poesia, as editoras Companhia das Letras e Editora 34, com certeza, eram as mais conhecidas. A editora Patuá, pequena e independente, apesar de conhecida, ainda não é tão reconhecida quanto as outras duas citadas.
Poemas que deram ótimas músicas — Poesia cantada
No vídeo anterior, nós declamamos três letras de músicas de Luiz Tatit e chegamos a conclusão que algumas letras de música se sustentam, sim, como poemas quando excluída a melodia.
No meu ponto de vista, todo poema é uma música em potencial, porque dá uma estrutura sólida para compor junto da melodia, visto que o [ritmo nos poemas]({{ relref “um-barco-ao-mar/em-alto-mar/letra-de-musica-e-poema-luiz-tatit.md” >}}) é importantíssimo. Dentro do universo de poemas que já viraram música, cito alguns:
Letra de música é poema? — Declamando Luiz Tatit
A música e o poema sempre tiveram um certo tipo de flerte. Com o Nobel de Literatura de 2016 indo para Bob Dylan , essa polêmica ressurgiu através de críticas e de apoios. Aproveitando a onda de repercussão, a Companhia das Letras lançou, em dois volumes, as letras em inglês e sua tradução.
Passei os olhos em algumas delas e, pelo que percebi, a tradução se mantém, em boa parte, literal, perdendo um pouco da poética do original.
Newsletter Curto Poema e FLIP 2018 — Novidades aqui no canal
Inaugurada a sessão "DIÁRIO DE BORDO". Como primeiro assunto, a formalização da newsletter Curto Poema e a presença da minha poesia Cosmologia da Linguagem na FLIP 2018.
Cosmologia da Linguagem — Gustavo Dutra
Ouça o poema Cosmologia da Linguagem de Gustavo Dutra na voz do próprio poeta.
A busca pelo estilo do poeta — Reflexões sobre estilo poético
Qual o caminho para o estilo do poeta? Existe um estilo definitivo para o poeta? Neste vídeo, apresento algumas reflexões sobre este tema me utilizando de alguns termos definidos pelo filósofo Henri Bergson.
Logopeia com Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Rupi Kaur e Leminski — A dança das palavras e do intelecto
O poeta e crítico americano Ezra Pound definiu três grandes aspectos para a poesia. São eles o aspecto sonoro, que ele chamou de melopeia; o aspecto visual e imagético, que chamou de fanopeia; e a dança do intelecto entre as palavras, que seria a logopeia, ou seja, a parte reflexiva da poesia.
Este terceiro post fala sobre a logopeia, cuja obra de Fernando Pessoa está cheia. Praticamente independentemente do heterônimo, suas poesias fazem-nos pensar sobre várias coisas, principalmente sobre a vida e nós mesmos.
Fanopeia através de Simone de Andrade Neves e Maiakovski — O aspecto visual do poema
Ezra Pound , um crítico e poeta norte-americano, escreveu no livro ABC da Literatura sobre três aspectos para se avaliar poesia: o aspecto sonoro, o visual e o reflexivo. A eles, respectivamente, deu o nome de melopeia, fanopeia e logopeia.
A ideia dessa série de três posts é entender cada um deles e verificar como são inseridos na nossa própria poesia, para, assim, trazer pro consciente e utilizá-las a nosso favor.
Melopeia, Ferreira Gullar e Chico Buarque — O aspecto sonoro do poema
Segundo o crítico americano Ezra Pound , um poema pode invocar seu poder poético através de três elementos: som, imagens e pensamento. No que isso pode nos ajudar a escrever melhores poemas?
Muita coisa que escrevemos, nasce de maneira intuitiva ou natural. Sentimos e escrevemos. Isso faz parecer que existe um dom divino, uma diferenciação especial dentre os outros. O fato é que talvez os gênios talvez sejam assim mesmo, mas a grande maioria, como nós, não é gênio.
Tabacaria — Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
Ouça o poema Tabacaria de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa) na voz de Gustavo Dutra.
Rimas e Ritmo na poesia — Poesia precisa rimar? Este artifício foi usado muito antigamente.
A rima tem sido utilizada nos poemas pelo menos desde o período clássico. Naquela época, era uma retrição: ou havia rima, ou não era considerado poesia. Com o tempo, esta ideia foi mudando e hoje temos poesia em versos brancos, sem rima.
Independentemente de ter rima ou não, os poemas, em maioria, possuem ritmo. Isso me leva a crer que não seja obrigatória, mas uma ferramenta para gerar ritmo.
Vamos usar um exemplo: quando não possui rima, o soneto perde um pouco a beleza de sê-lo; quando, entretanto, utiliza rima, não é ela, sozinha, que dá a sensação de poesia, mas a cadência do todo.
O deus-verme — Augusto dos Anjos
Ouça o poema O Deus-verme de Augusto dos Anjos na voz de Gustavo Dutra.
Minerais - Canto Geral — Pablo Neruda
Ouça o poema Mineirais (Canto Geral) de Pablo Neruda na voz de Gustavo Dutra.
O poder das imagens — Pablo Neruda conseguiu transformar coisas concretas em experiências sinestésicas.
Eu postei, há algum tempo, um vídeo falando que a educação, tal qual vemos hoje, tende a formar pessoas que procuram respostas certas. Isso tem nos tornado utilitaristas e racionalistas.
Dei ao nome, de quem acaba abrindo mão da criatividade e do óbvio, de adulto. Afinal, é isso que faz um bom adulto. Não há tempo para poesia, pintura abstrata ou a arte em geral na vida corrida de um adulto.
Poesia é condensação — Ezra Pound dizia que poesia vem da linguagem em alta condensação
No último vídeo, nós falamos sobre começar a não ler mais a linhas, mas as entrelinhas. No sentido de descontruir o que entendemos ser um adulto, partindo do ponto que os adultos são racionais e utilitaristas. O Manuel de Barros já nos explica:
Tenho o privilégio de não saber quase tudo. E isso explica o resto. — Manoel de Barros O que acontecia quando eu comecei a escrever poesia, é que, por estar acostumado com o “mundo adulto”, escrevia como se estivesse escrevendo um outro texto para outros lerem.
Desaprender a ser adulto — A escola, da primeira à oitava — ou, agora, a nona série —, talvez seja um dos maiores fatores que ceifam o juízo sobre a poesia de nós.
Antes de começar, vale a pena mencionar que não estou aqui para demonizar a escola. Ela é exatamente o que o sistema precisa.
Há, entretanto, algumas soluções alternativas à escola como conhecemos hoje, como podemos ver, por exemplo, no documentário Quando sinto que já sei. Rubem Alves , que também foi poeta, fala sobre isso no Provocações pro Abujamra .
Mas eu queria manter o foco do conteúdo no cenário que nós nos encaixamos, em quem frequentou a escola tradicional, que envolve passar de ano.
Nietzsche e o juízo sobre a arte — A ansiedade de publicar o poema pela ótica do filósofo.
Nos últimos dois vídeos, falei sobre contemplar para escrever e ansiedade de publicar um poema. Eu queria agora falar um pouco mais sobre a ansiedade de publicar.
Eu comecei a me perguntar coisas do tipo: será que todo desenho de um artista é uma obra boa? Será que todo pintor gostaria de expor todas as suas pinturas?
Se toda poesia que eu criasse eu precisasse publicar, quando que eu a estaria treinando?
O que te faz escrever poesia? — E se maximizássemos as circunstâncias que nos fazem escrever?
Nos últimos dois vídeos, falei sobre contemplar para escrever e sobre ansiedade de publicar um poema. Eu queria agora falar um pouco mais sobre contemplar para escrever.
Escrevia muito pouca poesia antigamente, porque eu só escrevia quando vinha aquela vontade, aquele estado de transe, a famosa inspiração. Tentei parar para escrever para ver se era só questão de hábito, sem sentir o “espanto” — como diz Ferreira Gullar — que gera a poesia.
Sobre a ansiedade de publicar poemas — Tem diminuído, mas ainda sinto muita ansiedade em publicar a poesia.
Eu costumava escrever e achar que o poema estava pronto. Porque ele realmente parecia muito bom logo depois de terminá-lo.
Mas dado alguns dias ou meses, quando eu relia, via que poderia melhorá-lo. Percebia erros, possibilidade de rimas, quebras no ritmo, etc. Comecei a repassar os poemas mais antigos nos dias seguintes. Foi aí que percebi que em momento de transe tudo parece mágico e lindo e poético.
Mas essa ansiedade em publicar acaba prejudicando o poeta e os leitores.
Poesia vem da contemplação — Escrever prosa é diferente de escrever poesia.
Escrever prosa é como um tubérculo. O texto está enterrado dentro do escritor. É preciso ser ativo. É preciso cavar. Por isso que funcionam essas técnicas de fazer 500, 1000 palavras por dia.
Poesia não funciona assim. Talvez prosa poética, mas poesia, não. Poesia desabrocha como uma flor. O poeta simplesmente senta, contempla o mundo e a flor desabrocha sozinha. Ao invés de ativamente forçar a escrita, passivamente se aguarda o sentimento.
Psicologia da composição — João Cabral de Melo Neto
Ouça o poema Psicologia da composição de João Cabral de Melo Neto na voz de Gustavo Dutra.
Procura da poesia — Carlos Drummond de Andrade
Ouça o poema Procura da Poesia de Carlos Drummond de Andrade na voz de Gustavo Dutra.
Por que lançar um barco ao mar? — Segundo Saussure, "a língua não é um barco no estaleiro, mas um barco lançado ao mar."
Não lembro muito bem quando comecei a escrever poesias. Só sei que, quando eu vi, já estava escrevendo. Lembro de me pegar perguntando se aquilo realmente era um poema; se, para ser poesia, precisa rimar; ou se, por serem versos livres, não havia nenhuma regra que limitasse a minha criação. Eu me sentia muito confuso e inseguro.
Acho que teria me desenvolvido mais rápido se tivesse com quem conversar. O poeta acaba criando seu próprio mundo, se isola, afinal é cada um por si nessa jornada em busca de seu próprio estilo.